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Imunoterapia

Conteúdo desenvolvido com apoio científico do Instituto Vencer o Câncer e Dra. Jessica Ribeiro*

O tratamento do câncer vem evoluindo com o surgimento de novos tipos de medicações e estratégias de tratamento ao longo das últimas décadas. Neste contexto, a imunoterapia tem emergido como uma importante ferramenta no tratamento de vários tipos de câncer, ao lado de outras modalidades como quimioterapia, terapia-alvo, hormonioterapia, além de a cirurgia e radioterapia.

Imunoterapia

O tratamento do câncer vem evoluindo com o surgimento de novos tipos de medicações e estratégias de tratamento ao longo das últimas décadas. Neste contexto, a imunoterapia tem emergido como uma importante ferramenta no tratamento de vários tipos de câncer, ao lado de outras modalidades como quimioterapia, terapia-alvo, hormonioterapia, além de a cirurgia e radioterapia.

As células do câncer possuem a capacidade de se proliferar continuamente e de utilizar mecanismos para enganar o sistema imunológico, impedindo-o de eliminá-las do organismo. Esses mecanismos são variados, podendo ser, por exemplo, uma espécie de camuflagem para as células cancerosas não serem reconhecidas pelo sistema imunológico ou mesmo a produção de substâncias que suprimem a ação das células imunes. Assim, a imunoterapia consiste em uma forma de tratamento que estimula o sistema imunológico, com objetivo de fazê-lo reconhecer as células tumorais e tornando-o, então, capaz de combater as células do câncer.

Existem vários tipos de imunoterapia, desde medicações mais antigas (como a interleucina-2) até a classe mais nova de medicamentos, que são claramente mais eficazes no combate ao câncer e possuem menos efeitos colaterais. Essa nova classe é chamada de "inibidores de checkpoints", os quais são pontos do sistema imunológico desenhados para regular a sua ação e impedir que atue continuamente, o que evita reações inflamatórias graves e doenças autoimunes.

Os inibidores de checkpoint são compostos pelos inibidores de CTLA-4, de PD-1 e de PDL-1. Cada uma dessas moléculas são pontos específicos do sistema imunológico utilizados pelas células cancerosas para suprimir a sua atuação e, assim, não serem eliminadas do organismo. No Brasil, estão aprovadas várias medicações desse tipo, como ipilimumabe, nivolumabe, pembrolizumabe, cemiplimabe, atezolizumabe, avelumabe e durvalumabe. Os estudos mostram benefício dessas medicações em vários tipos de câncer, inclusive com respostas a longo prazo. Infelizmente, a imunoterapia não é efetiva em todos os tipos de tumores e, por isso, não é indicada para todo paciente oncológico.

No Brasil, o uso de imunoterapia está aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para o tratamento do câncer de pulmão, câncer de mama triplo-negativo, melanoma, câncer de rim, câncer de bexiga, câncer de esôfago, câncer gástrico, câncer de cabeça e pescoço, linfoma de Hodgkin clássico e carcinoma epidermoide de pele. Importante ressaltar que, mesmo nesses tumores, a imunoterapia não se encontra indicada em toda situação, estando na dependência do estágio em que a doença se encontra, dos tratamentos prévios realizados e do perfil do paciente.

Os efeitos colaterais da imunoterapia estão relacionados a um excesso de estimulação do sistema imunológico contra as células do próprio organismo do paciente. Assim, por exemplo, se houver estímulo excessivo das células imunes contra a pele do paciente, pode haver uma erupção na pele semelhante a uma alergia (chamado de rash) ou perda do pigmento da pele (chamado de vitiligo); contra o intestino, provoca diarreia; contra o pulmão, pneumonite (inflamação do pulmão); contra a tireoide, hipotireoidismo ou hipertireoidismo; entre outros. Em geral, essas reações são leves e manejáveis, mas existem formas graves de efeitos colaterais que exigem muita atenção do médico e do paciente. Por isso, qualquer sintoma diferente deve ser relatado ao médico.

Estudos sugerem também que as bactérias presentes no intestino (denominado de microbiota intestinal) podem interferir na eficácia da imunoterapia. Todos nós temos várias bactérias convivendo normalmente no intestino, sendo importantes para o bom funcionamento do nosso organismo e do sistema imunológico. Porém, o perfil de bactérias de cada organismo varia de acordo com diversos fatores, como a alimentação e o uso de certos medicamentos, particularmente antibióticos, probióticos e medicamentos que bloqueiam a acidez do estômago (chamado de inibidores de bomba de prótons como omeprazol, pantoprazol etc). Uma alimentação saudável, com consumo de frutas e verduras e baixa ingestão de carne vermelha e de carboidratos simples é favorável para uma boa microbiota intestinal. Por outro lado, uso de antibióticos, probióticos e inibidores de bomba de prótons interferem negativamente na flora intestinal. Por isso, esses medicamentos devem ser evitados durante a imunoterapia, quando possível.

Desta forma, a imunoterapia é um campo em plena expansão na oncologia, com benefício em diversos tipos de câncer. Embora nem todos os tipos de tumores e nem todos os pacientes se beneficiem desse tratamento, o conhecimento vem avançando ao longo dos anos, e novas estratégias contra o câncer vem sendo desenvolvidas para aumentar a sobrevida e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

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Referências bibliográficas

1 - Esfahani K, Roudaia L, N. Buhlaiga N, et al. A review of cancer immunotherapy: from the past, to the present, to the future. Curr Oncol. 2020;27(Suppl 2):S87–97.
2 - Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/. Acessado em 27 de junho de 2020.
3 - Postow MA, Sidlow R, Hellmann MD. Immune-related adverse events associated with immune checkpoint blockade. N Engl J Med 2018;378:158-68.
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5 - Spencer CN, Gopalakrishnan V, McQuade J, et al. The gut microbiome (GM) and immunotherapy response are influenced by host lifestyle factors. AACR Annual Meeting 2019;abstract 2838.
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7 - Maier L, Pruteanu M, Kuhn M, et al. Extensive impact of non-antibiotic drugs on human gut bactéria. Nature. 2018;555(7698):623-28.

*Texto desenvolvido com o apoio científico:

Instituto Vencer o câncer
Dra. Jessica Ribeiro
Dra. Jessica Ribeiro
  • Médica Oncologista no Hospital BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo;
  • Pós-Graduação em Gestão de Negócios em Saúde pela Fundação Getúlio Vargas (FGV);
  • Residência Médica em Oncologia Clínica no Hospital BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo;
  • Residência Médica em Clínica Médica na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).
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