Câncer e Terapia: Qual a importância durante o tratamento?
Infelizmente, a doença não traz apenas consequências para o corpo, mas também para a mente. Muitas pessoas durante o percurso da doença experimentarão mudanças significativas em sua saúde emocional.
Os desequilíbrios internos
Após o diagnóstico, o medo de não conseguir vencer a doença, bem como os efeitos colaterais do tratamento do câncer são os grandes responsáveis por reações devastadoras que acabam provocando desequilíbrios e conflitos internos, além de causar um sofrimento que, em muitas vezes é capaz de resultar em desorganização psíquica.2
A dor, o medo, os diversos exames invasivos, as alterações na autoimagem, o isolamento e a dependência de cuidados de outras pessoas, acabam aumentando sua fragilidade e diminuindo sua qualidade de vida.3
É por isso que, em muitas pessoas, os sentimentos de ansiedade, raiva e depressão podem vir à tona.4 E quando falamos de depressão, a atenção à saúde emocional precisa ser redobrada.
Pessoas com depressão podem ter piores resultados relacionados ao câncer. Elas podem ser menos propensas a seguir os planos de tratamento ou fazer exames de prevenção, além de diminuir a prática de atividades físicas, beber mais álcool e faltar a consultas de terapia.5 A depressão também diminui as chances de sobrevivência após o diagnóstico de câncer.6
Leia também: Impacto psicológico do diagnóstico de câncer
Realizar terapia durante o tratamento oncológico é essencial
Mesmo com os significativos avanços da medicina para tratar o câncer, muitos pacientes ainda encaram a doença como sentença de morte (terminal).7 Por isso, a terapia durante o tratamento do câncer é muito necessária.
Além de prevenir e reduzir os sintomas emocionais e físicos causados pela doença, ela possui a função de auxiliar o indivíduo a compreender-se nesse processo oncológico no qual se ingressa sem desejar, ajudando a lidar melhor com todo o tratamento e possibilitando a ressignificação desse processo.8,9
Conseguir superar o bloqueio emocional do diagnóstico, enfrentar o medo, a angústia e a incerteza, ajudará no tratamento e melhorará a qualidade de vida do paciente.
A psico-oncologia é a área responsável por fornecer suporte aos pacientes com câncer. Os profissionais dessa área fornecem recursos e estratégias pessoais para que o paciente com câncer tenha controle de si mesmo.10
São usadas estratégias e recursos que ajudam a gerenciar emoções, comportamentos e pensamentos. Por meio da psico-oncologia, o paciente oncológico alcança equilíbrio e força mental para seu bem-estar.10
Leia também: Papel da psico-oncologia e a qualidade de vida da pessoa com câncer
Benefícios do acompanhamento psicológico durante o tratamento do câncer
Alguns pacientes acreditam que não precisam de apoio psicológico e que conseguirão passar pela situação apenas com a ajuda da família e dos amigos. De fato, muitos conseguem enfrentar o câncer dessa maneira, mas sempre que possível, essa ajuda não deve ser dispensada.
Abaixo, conheça os principais benefícios da terapia durante o tratamento do câncer:11
- Ajuda a lidar com o diagnóstico de câncer para que o paciente se sinta menos sobrecarregado;
- Melhora a comunicação entre paciente, família e equipe médica;
- Traz consequências positivas para o aspecto emocional, pois ajuda a gerenciar a depressão e a ansiedade;
- Melhora a adesão ao tratamento, evitando o abandono;
- Reduz significativamente os transtornos de humor.
Se você acabou de ser diagnosticado com câncer, cuidar da sua saúde mental é fundamental para o enfretamento da doença, pois o estresse, a ansiedade e a preocupação influenciam na sua condição física.
Embora o psiquiatra ou o psicólogo não possam tratar seu câncer, consultar um especialista em psico-oncologia pode fornecer um local seguro para você expressar suas preocupações.
Lembre-se: é normal sentir-se desconfortável enquanto você tem câncer. Mas é importante procurar ajuda psicológica quando essa angústia é duradoura e afeta o seu dia a dia.
Referências:
1 - Estatísticas de câncer [Internet]. Instituto Nacional de Câncer - INCA. Available from: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/numeros//. Acesso em: 24 de julho de 2022.
2 – Porto, A. O. (2004). Pacientes oncológicos: respostas emocionais frente à doença. Monografia não publicada. Curso de Graduação em Psicologia, Centro Universitário de João Pessoa. João Pessoa, PB.
3 – Stang LDG, Gomes KM. A importância da terapia cognitiva comportamental (TCC) no tratamento do paciente oncológico: uma revisão não sistemática. Revista Interdisciplinar de Estudos em Saúde [Internet]. 2017 [cited 2022 Jul 27]; Available from: https://periodicos.uniarp.edu.br/index.php/ries/article/view/1077#:~:text=Conclui%2Dse%2C%20portanto%2C%20que
4 – Scott, J. (1991). Cancer patients. Em: J. Scott; J. M. G. Williams & A. T. Beck (Orgs.) Cognitive therapy in clinical practice: an illustrative casebook. (pp 103-125). New York: Routledge.
5 - Pinquart, M., & Duberstein, PR (2010). Depressão e mortalidade por câncer: uma meta-análise. Medicina psicológica, 40 (11), 1797-810. Recuperado https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2935927/
6 - hang, C., Hayes, RD, Broadbent, MT, Hotopf, M., Davies, E., Møller, H., & Stewart, R. (2014, 01 de janeiro). Um estudo de coorte sobre transtornos mentais, estágio do câncer no momento do diagnóstico e sobrevida subsequente. Recuperado de https://bmjopen.bmj.com/content/4/1/e004295
7 - Kovács, M. J. (1992). Morte e desenvolvimento humano. São Paulo: Casa do Psicólogo.
8 - Gimenez MG, organizador. A mulher e o câncer. São Paulo: Editorial Psy; 1997. p. 325.
9 - Santos C, Sebastiani R. Acompanhamento psicológico à pessoa portadora de doença crônica. In: Angerami-Camon V, Chiattone H, Sebastiani R, Fongaro ML, Santos C. E a psicologia entrou no hospital. São Paulo: Pioneira; 1996. p. 147-76.
10 - Costa Junior, Áderson L.O desenvolvimento da psico-oncologia: implicações para a pesquisa e intervenção profissional em saúde. Psicologia: Ciência e Profissão [on-line]. 2001, v. 21, n. 2 [Acessado 25 de julho de 2022], pp. 36-43. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1414-98932001000200005. Epub 10 Set 2012. ISSN 1982-3703. https://doi.org/10.1590/S1414-98932001000200005.
11 - Venâncio JL, Leal VMS. Importância da Atuação do Psicólogo no Tratamento de Mulheres com Câncer de Mama. Rev. Bras. Cancerol. [Internet]. 31º de março de 2004 [citado 26 de julho de 2022];50(1):55-63. Disponível em: https://rbc.inca.gov.br/index.php/revista/article/view/2059
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Como suplementar o paciente oncológico
Desnutrição em indivíduos com câncer é muito frequente por diversos fatores: localização do tumor (pacientes com câncer de cabeça e pescoço ou trato gastrointestinal começam a ter dificuldade de se alimentar, e consequentemente, perdem peso); efeitos da quimioterapia, como diminuição de apetite, alteração do olfato e paladar, inflamação na mucosa, dificuldade de deglutir, náuseas, vômitos, diarreia ou constipação; jejuns prolongados em exames ou cirurgias, no pré e pós operatórios; e pelos efeitos que também afetam o metabolismo, comuns a outras modalidades de tratamento como radioterapia, imunoterapia e hormonioterapia.
Hidratação para o paciente oncológico
Tratamento oncológico vai muito além das terapias convencionais, como quimioterapia, radioterapia, imunoterapia ou cirurgia. O bem-estar geral do paciente, junto à sua qualidade de vida, também faz parte do tratamento. Isto inclui alimentação, exercício físico, saúde mental e hidratação. Esses são os 5 pilares para uma vida saudável.