Como é feita a recuperação nutricional da pessoa com câncer?
A recuperação nutricional tem como objetivo prevenir e tratar a desnutrição, fortalecer o sistema imunológico, acelerar o processo de recuperação após cirurgias, diminuir o tempo de internação e melhorar a resposta ao tratamento do câncer como um todo.1,2 Saiba quais os estágios da recuperação nutricional.
Terapia nutricional é uma abordagem usada por médicos e nutricionistas
Seja em internação ou tratamento domiciliar, a terapia nutricional consiste em uma série de etapas voltadas para avaliar o estado nutricional do paciente e verificar o que o corpo dele precisa para se recuperar ou se manter. Ela pode ser dividida da seguinte forma:1
Triagem nutricional – é uma etapa rápida feita para saber se há risco baixo, moderado ou alto de desnutrição. Ela é feita de acordo com cada hospital ou ambulatório, mas geralmente é observado se há perda de peso e quanto, e se a ingestão alimentar está sendo suficiente ou não. Alguns dos métodos mais comuns são:1
- STRONG Kids (para crianças e adolescentes) – considera a avaliação clínica, se há alguma doença de alto risco ou cirurgia de grande porte, a ingestão nutricional dos últimos dias e perda de peso ou ganho insuficiente.1
- Nutritional Risk Screening (NRS) – avalia o índice de massa corporal, a perda de peso nos últimos três meses, se houve redução da ingestão alimentar na última semana e se a saúde está gravemente comprometida.1
- Malnutrition Universal Screening Tool (MUST) – avalia o índice de massa corporal, a porcentagem da perda de peso nos últimos três a seis meses e o padrão alimentar.1
Caso haja baixo risco para desnutrição, o paciente deverá passar por outras triagens ao longo do tratamento. Se houver risco, a avaliação nutricional deve ser detalhada para implementar a terapia nutricional.1
Avaliação nutricional do paciente – uma série de critérios detalhados são usados para definir qual o grau do risco nutricional que o paciente apresenta, assim é possível escolher a melhor forma de recuperar o estado nutricional. Em geral, os critérios de risco são:2
Paciente adulto com câncer2
- Ingestão menor do que 60% das necessidades nutricionais;
- Alterações no trato gastrointestinal;
- Presença de outras doenças;
- Presença de infecções;
Paciente pediátrico com câncer2
- Perda de mais que 5% do peso, antes da doença;
- Ingestão nutricional 70% menor que o necessário por três a cinco dias consecutivos;
- Presença de outras doenças;
- Presença de infecções;
- Alterações no trato gastrointestinal.
Paciente idoso com câncer2
- Alto percentual de perda de peso;
- Ingestão alimentar 60% menor que o necessário por cinco dias consecutivos ou mais;
- Colesterol sérico total <160 mg/dl.;
- Sintomas no trato gastrointestinal;
- Tumor na cavidade oral, faringe, laringe, esôfago, abdominais ou pulmão;
- Radioterapia, cirurgias e/ou quimioterapia na região da cabeça, pescoço, tórax e/ou abdômen.
Cálculo das necessidades nutricionais – ele depende da idade, resultado da avaliação nutricional, estágio da doença e estado de saúde da pessoa, assim como os sintomas presentes. Pessoas em fase de ganho de massa ou recuperação de peso devem ingerir uma quantidade diária maior de calorias e proteínas. Idosos e crianças com desnutrição e perda de peso precisam de maior atenção e têm as necessidades diárias nutricionais recalculadas por nutricionistas.1
Indicação da terapia nutricional – caso os médicos e/ou nutricionistas observem que a pessoa não está ingerindo a quantidade de nutrientes necessários para recuperar ou manter o peso, eles poderão indicar uma terapia nutricional adequada para suprir essa necessidade. Elas se dividem em três tipos:2
- Terapia nutricional oral – através da alimentação e de suplementos, busca fornecer as taxas necessárias de calorias, proteínas, água, vitaminas e minerais.1 A via oral é escolhida como primeira opção de terapia nutricional por ser mais fisiológica, podendo usar suplementos orais artesanais ou industrializados.2
- Terapia nutricional enteral – quando a pessoa não consegue ingerir os alimentos de forma sólida ou não consegue atingir valores acima de 60% das necessidades nutricionais diárias por mais de três dias consecutivos. A alimentação é feita total ou parcialmente por uma sonda posicionada no estômago ou intestino delgado. A nutrição enteral fornece tudo o que é necessário: vitaminas, minerais, proteínas, gorduras, carboidratos e água.3
- Terapia nutricional parenteral – ela é indicada quando há algum impedimento no trato gastrointestinal, como feridas, obstrução e insuficiência, ou quando a pessoa apresenta desnutrição de 24 a 72 horas depois de começar a nutrição enteral. Na nutrição parenteral os nutrientes são fornecidos via intravenosa.3
Para que a recuperação nutricional da pessoa com câncer aconteça mais rapidamente é importante que os familiares ou cuidadores e a equipe envolvida na terapia nutricional conversem e estejam alinhadas.
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Referências:
1 - Ministério da Saúde. Manual de terapia nutricional na atenção especializada hospitalar no âmbito do Sistema único de Saúde. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_terapia_nutricional_atencao_hospitalar.pdf. Acesso em novembro/2019.
2 – Instituto Nacional de Câncer. Consenso Nacional de Nutrição Oncológica. Disponível em: https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//consenso-nacional-de-nutricao-oncologica-vol2-2011.pdf. Acesso em novembro/2019.
3 – Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás. Protocolo de terapia nutricional enteral e parenteral da Comissão de Suporte Nutricional. Disponível em: http://www2.ebserh.gov.br/documents/222842/1033900/Manual+de+Nutricao+Parenteral+e+Enteral.pdf/98898f78-942a-4e5e-93be-4e13c63ee8cd. Acesso em novembro/2019
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